Creatus est homo ad hunc finem,
ut Dominum Deum suum laudet,
revereatur, eique serviens tandem salvus fiat.

(O homem foi criado para este fim:
louvar, reverenciar, servir ao Senhor seu Deus,
e assim salvar a sua alma. Exercícios, Sto. Inácio, vol.I)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Resposta a 1 protestante (provisório - por editar)

J. M. J.
Sobre a Tradição Apotólica
Queridos irmãos, desde o início da cristandade que há divisões na Santa Igreja, muitas vezes (ou quase sempre) por razões absurdas (c.f. 1Cor.10), fruto da ignorância, da falta de oração, de discernimento e dos falsos profetas. É o São Pedro, o primeiro Papa, que nos alerta para esta questão pedindo-nos discernimento, pois «muitos falsos profetas aparecem no mundo»(c.f. 1Pe.4,1). É São Judas quem nos diz que esses impustores são como núvens sem água, «desenvergonhadas; astros errantes para os quais está reservada para sempre a mais tenebrosa escuridão» (c.f. Jd.12-13). Alerta-nos para os «impustores, (...) que são os que semeiam divisões, (...) pessoas que não têm o Espírito» (c.f.Jd.19) É preciso pois estarmos atentos, «pois o demónio, anda à vossa volta, como leão que ruge procurando a quem devorar.[Por isso, é urgente] Resisti-lhe firmes na fé» (c.f. 1Pe.5,8-9)
Os nossos irmãos protestantes, caídos no erro «dos falsos profetas que disfarçadamente introduziram heresias perniciosas» (1Pe.2,1) com frequência nos perguntam coisas para as quais não temos resposta, porque desconhecemos muitas verdades da nossa fé ou, porque na catequese ou nos grupos de piedade aos quais pertentecemos, temos ou tivemos uma formação mediocre, fazendo-nos também cair no erro. Estes, perguntam-nos onde se fala na Bíblia sobre a Imaculada Conceição, a Ascensão de Maria ao Céu, a ida de São Pedro a Roma ou o modo como morreu. Resumindo, para os protestantes só a Sagrada Escritura é única Revelação Divina enquanto que esta, juntamente com a Tradição Apostólica e dos Santos, também constitui Revelação Divina. E mesmo assim, para os protestantes, nem todos os Livros Sagrados da Bíblia Cristã (ou Católica) são válidos.
É bom lembrarmo-nos que foram os Apóstolos e os Bispos que receberam de Deus o múnus de serem pastores da única Igreja de Jesus Cristo, a Santa Igreja Católica, e que por isso, por inspiração divina, esses homens registaram e organizaram a Bíblia que nós hoje lemos, e ao longo dos séculos a anunciaram como Palavra de Deus. Aqueles falsos profetas, de quem falei, por vezes, até deturpam e omitem a Palavra, retiramdo-lhes o verdadeiro sentido, ao contrário dos Bispos, Prebíteros e Diáconos da Igreja que a anunciam tal como Ela é.
A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus revelada à humanidade. Ao longo dos séculos, quiz Deus manifestar-se tanto por palavras como obras, revelando-nos o Seu projecto divino para a humanidade, ou seja, através da Sua Palavra «Manifestou-nos o mistério da sua vontade, e o plano generoso que tinha estabelecido, para conduzir os tempos à sua plenitude: submeter tudo a Cristo». (Ef.1,9)
O verbo ‘revelar’ veio directamento do verbo latino revelare (re-velo) que significa «dar a conhecer», «mostrar», «tirar o véu», «desnudar», «pôr a nú»: «Deus consilium suum revelavit» - Deus revelou o seu plano. Deus, revela-se à humanidade de duas maneiras:
1 – Pela chamada Revelação Natural;
2 – Pela chamada Revelação Sobrenatural ou Divina;
Pela revelação natural Deus revela-Se através criação. São Paulo, na sua Epístola aos Romanos, explica-nos que aquilo que se conhece de Deus «está à vista [do Homem], já que Deus lho manifestou. Com efeito, o que é invisível n’Ele – o seu eterno poder e divindade – tornou-se visível à inteligência, desde a criação do mundo, nas suas obras». (Rom.1, 19-20)
Pela Revelação Subrenatural ou Divina, Deus vai-Se revelando à humanidade quer por meio dos Patriarcas quer pelos Profetas e, na plenitude dos tempos, enviou ao mundo o Verbo (c.f. Jo.1), seu único Filho Nosso Senhor Jesus Cristo: «Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho, a quem constituíu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o mundo». (heb.1-2) Por Ele, Deus é dado a conhecer directamente aos homens, quer por palavras que por obras, sendo o maior o mistério da Paixão, Morte e Ressureição e com a vinda do Espírito Santo. Este Espírito dado à Igreja no dia de Pentecostes, fez com que esta Igreja se manifeste ao mundo e dê a conhcer Deus e a Mensagem Evangélica: «Quando chegou o dia de Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no mesmo lugar. De reprente, ressoou vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde eles estavam.
Viram aparecer umas línguas, à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem».(...) «Homens da Galileia, disse Pedro, e todos vós que residis em Jerusalém, ficai sabendo isto e prestai atenção às minhas palavras. Não, estes homens não estão embriagados como imaginais, pois apenas vamos na terceira hora do dia. Mas tudo isto é a realização do que disse o Profeta Joel: ‘Nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei o meu Espírito sobre toda a criatura». (c.f. Act.2, 1-36) Esta fora a grande promessa de Jesus: «Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos». (cf. Mt.28,20) «E vou mandar sobre vós o que o meu Pai prometeu» (Jo.24,49). A partir do dia de Pentecostes os Apóstolos anunciaram ao mundo tudo aquilo que Jesus lhes havia ensinado e deram testemunho não só das palavras mas também das obras e dos milagres. Tudo aquilo que Jesus lhes ensinou chama-se Evangelho, que quer dizer «Boa Nova da Salvação dos Homens».
Para anunciar esta «Boa Nova», Jesus escolheu os Apóstolos (c.f. Mc. 1,16-18; Mt.4,18-22; Lc.5,1-11; Jo.1,35-51) e os seus sucessores (Act.6; 9) como Pastores da Igreja que Ele próprio fundara quando, antes da Ascensão» ordenou aos Apóstolos: «Ide pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando a cumprir tudo o que vos tenho mandado» (c.f. Mt.2819) Nesta passagem, Jesus mandou «anunciar» e «pregar» o Evangelho e foi o que os Apóstolos passaram a fazer. Por todo o lado, como nos é narrado nos Actos dos Apóstolos, começaram a surgir comunidades que se reuniam frequentemente em oração e na Celebração da Santa Missa: «Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, á união fraterna, à fracção do pão e às orações(...). Como se tivessem uma só alma frequentavam diariamente o templo, partiam o pão em suas casas e possuíam tudo em comum» (c.f. Act.2,42-47). São famosas as Cartas do Apóstolo Paulo à comunidade de Roma, de Corínto, aos Gálatas e a tantas outras, assim como as Cartas de Pedro Tiago, João, e Judas o que demonstra a aceitação que o Evangelho tinha naquele tempo. Todas as comunidades da Igreja tinham uma organização, ainda que incipiante, mediante bispos, presbíteros e diáconos como nos relatam as cartas pastorais o que demonstra a necessidade de organização da Igreja crescente que tinha de sobreviver a todas as divisões e crescer na fé. Os Apóstolos confiaram-lhes o anúncio do Evangelho.
No princípio da Evangelização, não havia um registo escrito do Evangelho, porque Jesus nunca escreveu aquilo que disse, por isso, a evangelização dos povos era feita por ensinamento oral ou pregações. Assim o fizeram os Apóstolos. Só muito mais tarde, sobretudo com o desaparecimento dos Apóstolos, é que se começou a registar a palavra e os actos do Apóstolos. Foi assim que surgiu a «Tradição Apostólica», ou seja, a transmissão do Evangelho de Jesus, os discursos, as obras e exemplos, o modo de rezar, os sacramentos e o modo de agir e viver. Estas eram as tradições que os apóstolos preservaram e transmitiram às diferentes Comunidades da Igreja «como testemunhas oculares» (c.f. 2.Pe 16-18.. Na carta aos Coríntios o Apóstolo São Paulo refere-se a ela: «Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti» (cf.1.Cor11,22).
Durante muitos anos, a Igreja nunca teve propriamente um “Novo Testamento”, só muito mais tarde, depois de terem sido redigidos os Evangelhos, os Actos dos Apóstolos e compiladas as Cartas, é que foi anexado, por inspiração divina, à Sagrada Escritura. Até aí era apenas uma «Tradição ‘Oral’ Apostólica». Esta nova parte da Bíblia, que deu origem ao Novo Testamento, é a parte mais importante de Toda a Bíblia mas, em si mesma, não contém tudo aquilo que Jesus ensinou, sómente o mais importante, como o próprio Apóstolo João nos dá a conhecer no final do seu Evangelho: «Há ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se elas fossem escritas, uma por uma, penso que o mundo não teria espaço para os livros que se deveriam escrever» (c.f. Jo.21,25).
Por tudo isto, é completamente errado dizer-se que a Revelação Divina chegou a nós somente pela Bíblia, não, veio até nós também pela Tradição Apostólica. Ambas são fontes de vida mas uma não faz sentido sem a outra. Porque em si mesmas contêm a Verdade e a Palavra de Deus. Além disso, a própria Sagrada Escritura indica que a Tradição tem como funfamento a fé: «praticai tudo o que aprendestes e recebestes como herança, o que ouvistes e o que aprendestes em mim» (c.f. Fl.4,9) «O que ouviste de mim na presença de muitas testemunhas, tansmite-o a homens de confiança que, por sua vez, estejam em grau de o ensinar a outros»(c.f.2Tm.2,2), «Irmãos, permanecei firmes e conservai as tradições que vos ensinei, as de viva vós ou por meio da nossa carta» (c.f.2 Ts.2,15) Tudo isto é revelador do modo como São Paulo e os seus companheiros instruíam os primeiros cristãos: com a Palavra e com a Tradição ou pregação oral mas, uma vez escrito o Evangelho, não se esgotou a Tradição Oral Apostólica como se se estivesse terminada a Revelação Divina, não, ela continua com a Pregação e os Ensinamentos do Papa e dos Bispos a ele unidos e dos Santos por meio do Espírito Santo. Ora se os Apóstolos, os Bispos, os Presbíteros e os Diáconos receberam o Espírito de Deus quer no Crisma quer no dia da sua ordenação, porque não serão eles meios de Revelação Divina se o Espírito Santo que é Deus os impele a anunciar a Boa Nova e a explicá-la a quem a ouve? Na nossa Igreja sempre houve esta consciência de que a Tradição Apostólica não tira à Bíblia valor algum, antes pelo contrário, valoriza-a.
A ideia de só se acreditar na Bíblia é um tremendo erro surgido no séc. XVI, precisamente em 1550, com Lutero e os seus seguidores, colocando de parte a própria revelação feita por Jesus nas aparições aos Santos e nos ensinamentos dos seguidores dos Apóstolos. Ao Papa deu o Senhor o poder de perdoar os pecados e de apascentar as «ovelhas» (vide Jo.21,15-23) e foi o próprio Jesus quem também mandou os Apóstolos ensinar e baptizar as nações (vide Mt.28,19).
Se os protestantes sabendo que receberam a Bíblia pela Igreja Católica, que foi Ela quem a traduziu e durante séculos e a ainda hoje a continua a estudar e a ensinar, que estabeleceu o cânone dos Livros Sagrados, como poderão então saber quais os livros inspirados ou válidos? Supomos que a Bíblia se perde, quem teria a verdade, toda a verdade se não a Igreja Católica, a única que continua fiel à Tradição? A Igreja voltaria a escrever a Bíblia segundo a Traição Apostólica tal e qual como aconteceu antes nos primeiros tempos do cristianismo. Ao negar a Tradição Apostólica estão a diminuir a Sagrada Escritura e a negar a própria Escritura, pois foi São Paulo quem disse aos Tessalonissences: «Permanecei firmes e conservai as tradições que vos ensiná-mos de viva voz ou por meio da nossa carta» (2Ts.2,15)
Para concluir, podemos e devmos dizer que a Revelação Divina engloba a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura como depósito da fé (cf. 1Tm6,20; 2Tm.1,12-14) e foi confiado pelos Apóstolos à Santa Igreja. Cabe unicamente ao clero interpretar correctamente a Palavra de Deus, oral e escrita pois exercem esse ministério em nome e por ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo. Segundo a Tradição Apostólica e a Sagrada Escritura, esse ministério foi entregue aos bispos em comunhão com o Papa, sucessor de Pedro e que é o Bispo de Roma e de Toda a Igreja.
No magistério em si, não está acima da Revelção Divina mas ao seu serviço para de uma forma verdadeira ser transmitida aos fiéis, com a assitência divina do Espírito Santo, que confirma o mandato de anunciar a «Boa Nova», e cabe à Igreja escutar e acolher pia e devotamente a Palavra, guardá-la e explicá-la aos fiéis.
Os fiéis que a ouve, ouve a Deus (Lc.10,16), e acolhem com submissão os ensinamentos e as directrizes dos pastores a quem foram confiados por Deus, sendo estes os seus guias e defensores, pela qual «nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação particular»(2Pe.1,20).

Sem comentários: