Creatus est homo ad hunc finem,
ut Dominum Deum suum laudet,
revereatur, eique serviens tandem salvus fiat.

(O homem foi criado para este fim:
louvar, reverenciar, servir ao Senhor seu Deus,
e assim salvar a sua alma. Exercícios, Sto. Inácio, vol.I)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Missa Sacrílega - I


XXXV - Meditação

A Missa sacrílega: Só a enunciação deste etentado faz estremecer a um homem de fé.


I. Por causa da multidão e enormidade dos pecados que encerra.
II. Por causa das horríveis criscunstâncias, que o acompanham.

I. Quantos pecados em uma Missa sacrílega, e que pecados! - Um padre, que ousa celebrar em estado de pecado mortal, sciens et volens, não comete somente um sacrilégio, comete quatro, diz Sto. Afonso Maria Ligório, de espécies inteiramente distintas: consagra, sendo inimigo de Deus, o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo: primeirosacrilégio; recebe, estando morto e manchado, um sacramento de vivos e o mais santo dos sacramento: segundo sacrilégio; administra-o a um indigno, quando o seu cargo de guarda das coisas santas o obriga a recusá-lo: quarto sacrilégio: Indigne conflicit, indigne sumit, indigne ministrat, ministrat indigno (Theol.mor.1.Vol,n.35) Por conseguinte infringe quatro obrigações diferentes, que lhe impõe sub gravi a virtude da religião.
Neste assunto os Santos Padres e os intérpretes exprimem-se com terrível energia. Cada um destes sacrilégios, dizem eles, é uma espécie de violência, que o profanador faz a Jesus Cristo, abusando indignamente da sua paciência e do poder que lhe deu sobre a sua pessoa (S. Cypr. Lib. de Lapsis) et Math.XXXVI,50). Como Judas, ele finge que ama o divino Mestre, a que atraiçoa: Amice, ad quid venisti? (MathXXXVI,50) (Amigo, ao que vieste?) - Dicit Amice, improperans simulationem (Orig. Tract.33 in Math.). Que horrenda hipocrisia! Parecendo adorar o Salvador, dá-lhe a morte, quando é da sua parte: Qui indigne abuntur communione mysterii, quandum in ipsis est, interimunt quem adorant (S. Chrys. Homil. 7 in Math.) O seu crime excede o dos judeus. Eles crucificaram Jesus Cristo, enquanto estava na terra e sujeito à morte; o padre sacílego atenta contra a sua imortalidade, e vai atacá-lo até no céu, no seu trono: Gravius peccant offerentes indigne Christum regnantem in coelis, quam qui eum crucifixerunt ambulantem in terris (S. Aug.). Que pérfida crueldade! que ímpia audácia!
O homem mais irreligioso tremeria só com o pensamento de tocar no Santíssimo Sacramento com as mãos enloadas: Quis adeo impius ut lufosis manibus Sacratissimum Sacramentum fractare praesumat? (Ibid) Ah! Quanto mais sensível é ainda o Filho de Deus à ofensa que lhe faz um padre profanador! Que lodo pode desagradar-lhe tanto como o pecado? Depois de uma queda vergonhosa, aproxima-se do altar para ali pronunciar as fórmulas sagradas, e exercer um ministério que exigiria à pureza dos anjos, é cuspir no rosto do Salvador (Quia sacra illius verba sacramenti ore immundo profert, in faciem Salvatoris spuit. -Petr. Bles. Serm.38), é poluir o Seu Corpo (Polluimus Corpus Christi, quando indigne accedimus ad altare. - S. Hier. in cap. Malach.), é cála-Lo aos pés (S. Ambr, in Epist. ad. Herb.c.X), é lançar o Seu Sangue num charco imundo. Ó execrável malvadez! Quantum flagitium in spurcissimam pectoris tui cloacam Sacratum Christi Saguinem profundere! ((S. Thom. a Villanov. de Sacr.c. III).
São Cirilo da Alexandria, explicando estas palavras de São João: Post buccellam introivit in eum Satanas, exclama: Que homem aquele, que acaba de receber em seu coração satanás e a Jesus Cristo! A satanás, para nele o fazer reinar, e a Jesus Cristo para nele o fazer sofrer! A satanás a quem dá um império absoluto, e a Jesus a quem o crucifixa! A satanás que ele antepõe a Jesus, ea Jesus que apresenta a satanás, como vítima que lhe sacrifica!
Concluamos que, dizer missa em estado de pecado mortal, é cometer o maior de todos pecados: Nemo deterius peccat, quam sacerdos qui indigne sacrificat (Ibid). Nullus gravius convincitur pecarre, quam presbyter, qui, dum indigne ministrat, quantum ad se, salutaris victimae sacramenta contaminat (S. Petr. Dam. Opusc.XXVI).

R.P. Chaignon em O Padre Santificado pela Oração ou Meditações Sacerdotais (Cap. XXXV)


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