
Caros irmãos e irmãs: muitas vezes ouvimos falar em religião e nas diferentes religiões. Pedi a um jovem catequista que me falasse da religião cristã, mas pouco ou nada ele soube dizer sobre a mesma. Isso quer dizer que alguma coisa na catequese está a falhar, principalmente quando se trata de catequistas que não sabem explicar nada ou quase nada acerca da sua religião.
Boulenger, no seu livro Doutrina Católica, manual de instrução religiosa (livro que já não se encontra em lado nenhum) dizia que se
«impõe a nós o estudo da religião, como dever precípuo, obrigação primordial da nossa existência». (cf.9)
Espalhadas pelo mundo, existem centenas de milhares de religiões como o budismo, o judaísmo, islamismo, religiões naturais ou até a própria religião do ateísmo. Mas como devemos escolher uma religião ou saber qual delas é verdadeira? Todas as religiões encerram em si algo de verdade mas, à excepção do cristianismo, nenhuma professa a Verdade. Única e verdadeira religião é somente aquela que provém de Deus e a essa chamamos a religião cristã porque foi fundada directamente por Nosso Senhor Jesus Cristo (de quem herdou o nome), que juntamente com o Pai e com o Espírito Santo é Deus. Essa religião é professada por uma Sociedade de Pessoas a quem chamamos Igreja Católica Apostólica Romana que é zelada pelo Papa, sumo pontífice, unido a Deus de quem é vigário, e unidos ao Papa todo clero. Só ela diz a verdade e fora dela não há salvação.
O termo
“religião” tem origem latina. Segundo alguns autores, ela vem do verbo latino
relegere (relego, relegis, relegere, relegi, relectum) que significa recolher, tomar. Quer isso dizer que o homem religioso é todo aquele que toma um zelo e um respeito profundo pelas coisas de Deus. Outros, como Santo Agostinho ou São Jerónimo, determinam que ela deriva do latim r
eligare (religo, religas, religare, religavi, religatum) que significa ligar, porque a religião tem como base a união ou os laços com Deus. Para mim, a palavra religião foi decalcada do termo latino religio -onis que significa, entre outras coisas, escrúpulo, consciência, honra e lealdade. Não nos importa saber a origem da palavra (ou se quisermos a etimologia) mas é curioso os inúmeros conceitos que lhe são atribuídos ou associados:
a) Doutrina – professar uma religião no caso a cristã é aceitar a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo, é acreditar na verdade que nos revelou e observar os Seus mandamentos;
b) Igreja – aquele que pertence à religião cristã pertence à Igreja Católica Apostólica Roma, isto é, «à Sociedade fundada por Jesus Cristo, cujos fiéis têm todos a mesma crença o mesmo culto e o mesmo chefe». (cf. Doutrina Católica, Boulonger)
c) Piedade – pessoa muito religiosa, ou seja, que tem muita fé, piedade e devoção.
d) Ordens (monástica ou não) – fazer parte de uma religião é abraçar um estilo de vida como, por exemplo, aderir à vida cenobítica em algum mosteiro como o de Singerverga dos Beneditinos, aos Carmelitas, aos Franciscanos, aos Cartuxos ou aos monges de Sister.
À palavra religião acrescentou-se a palavra cristã. O adjectivo cristão veio do acusativo
Christam de
Christus, -a, -um que significa ungido, coisa referente a Cristo ou seu seguidor. Este termo deriva de
Christus, -i que significa Cristo, salvador, cuja origem é grega (Christós). Antigamente dizia-se em português
creschão ou
chrischão. Também os nomes próprios como Cristiana, Cristiano e Cristino derivam de Christus.
É costume chamar a religião pelo nome do seu fundador, assim, o maometismo é a religião fundada por Maomet, o Luteranismo por Lutero, o Budismo por Buda e o Cristianismo por Jesus Cristo. Assim os cristãos são os que seguem a religião fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor.
Todos aqueles que seguiam Nosso Senhor, receberam d’Ele os ensinamentos. Eles eram, de facto, cristãos mas não se tratavam como tal. Estes chamavam-se, entre si, escolhidos, santos, amados ou eleitos:
“Quem irá acusar os eleitos de Deus”? (cf. Rm.8,33),
“Como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos, pois, de sentimentos de misericórdia, de bondade (…)” (cf.Col.3,12); de discípulos:
“Chegado a Jerusalém, Saulo procurava reunir-se com os discípulos” (cf. Act.9,16; 11,29); irmãos (Act.2, 29, 37; 3, 17; 6,3; 7,2); crentes (Act. 5,14), por exemplo. Os judeus travam-nos por nazarenos, que era um nome pejorativo na altura, mas nunca se lembraram de lhes chamar cristãos, o que seria uma aceitação visto que eles ainda esperavam a vinda do Messias. Foi só por volta dos anos 43 a 45, em Antioquia, que se começou a usar este nome, tempo em que Paulo e Barnabé evangelizavam esta zona da Grécia. Segundo os historiadores, o nome de cristão surgiu entre os gentios e foi colocado aos seguidores de Nosso Senhor. (Act.11,26). Foi também aqui que surgiu o nome Igreja aplicado aos Cristãos.
Ao início, o epíteto de
“Cristãos” não tinha qualquer sentido pejorativo mas, com o passar do tempo, tornou-se um termo vil e injurioso. São Pedro, na sua primeira epístola dá-nos conta disso e faz uma exortação aos fiéis para que não se entristeçam com os insultos dizendo:
“Mas, se sofre por ser cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus por ter este nome”. (I Ped. 4,16).
(continuação).