Creatus est homo ad hunc finem,
ut Dominum Deum suum laudet,
revereatur, eique serviens tandem salvus fiat.

(O homem foi criado para este fim:
louvar, reverenciar, servir ao Senhor seu Deus,
e assim salvar a sua alma. Exercícios, Sto. Inácio, vol.I)

sábado, 13 de junho de 2009

Sagrada Comunhão


J. M. J.


«Eu sou o Pão da vida. Quem vem a mim não mais terá fome e quem crê em mim jamais terá sede». (Jo.6, 33c)

O Rei David, meditando nas obras que o Senhor fez ao longo dos séculos, cantava os feitos de Deus deste modo: «Grandes são as obras do Senhor»(sl.110,2), e continuava o canto louvando a bondade de Deus: «O Senhor é benigno e misericordioso, deixo-nos o memorial das suas maravilhas»(ib. Cf.4). Ele profetizou a grande dávida, aquela que encerra em si mesma todas as maravilhas divinas, prova do Seu amor infinito: «O Senhor deu alimento àqueles que O temem» (ib.cf 4-5). Como acabámos de ver, o Rei – Profeta anuncia e axalta a Santa Missa que ainda desconhece, pela qual Jesus se torna presente em Corpo e Sangue, Alma e Divindade, tal e qual está no Céu, escondido sobre as aparências de pão e vinho, no Sacrário das nossas igrejas, para alimento da nossa alma. Esta é realmente a grande maravilha, ‘o memorial’.
Mas muito antes de David, o nosso pai Abraão teve um vislumbre da Santa Missa quando, por «aqueles dias, Melquisedec, rei de Salém, touxe pão e vinho». (Gen.18).
Esta passagem da Sagrada Escritura não é mais que uma antevisão do futuro: Jesus Sumo Sacerdote sacia os seus soldados no cenáculo, na cidade de Jerusalém, instituindo a Santa Missa e ordenando-lhes que a celebrassem sempre e em Sua memória. Recordemos esse momento: «Jesus tomou o pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: «Isto é o meu corpo». Em seguida, tomou um cálice, deu graças e entregou-lho, dizendo: «Bebei dele todos. Porque este é o meu sangue, sangue da aliança, que vai ser derramado por muitos, para perdão dos pecados». (Mt.26,26-28) É sempre bom recordar estas palavras.
A Santa Missa foi anunciada ao longo dos tempos pelos profetas mas só em Cristo teve concretização. Um outro sinal da Santa Missa encontra-se no segundo livro do Pentateuco quando o povo hebreu, libertado da escravidão do Egipto, atravessava o deserto em direcção à Terra Prometida e Deus fez chover do Céu o maná que é, em sentido figurado, a imagem do Pão Eucarístico: «pela manhã, diz o Senhor, saciar-vos-ei de pão, e conhecereis que eu sou o Senhor, vosso Deus». (Ex.16, 4) Pela Sagrada Escritura ficamos a saber, relativamente ao maná, que era uma substância insossa (cf.Nm11, 4-6; 21,5), um manjar delicioso oferecido por Deus (cf. Sl. 1005,40; 78,24-25; Ne.9,15-20; Sb.16,20-21), simbolizando para os cristãos a Santa Missa (cf.Jo.6,26-58; 1Cor10,3).
No dia a seguir àquele em que Jesus caminhara sobre as às do Lago da Galileia ou Tiberíades, o Senhor faz um grande anúncio, sinal do Seu Coração Misericordioso ao falar na Sua presença no sacramento eucarístico sobre a aparência de pão: «Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, se alguém comer deste pão viverá eternamente, e o pão que eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo». (cf. Jo.6, 26-58) Mas os judeus escandalizaram-se com as palavras de Jesus porque não O compreendiam. Para eles, as palavras do Senhor Jesus quereriam dizer que para ter a vida seria necessário esquartejá-Lo e comê-lo, muitos que O seguiam abandonaram-no chamado-O de louco. Mas que fez Jesus? Retratou-se? Não, antes pelo contrário, confirmou as Suas palavras dizendo: «Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue não tereis a vida em vós» (cf. Jo.6, 54) «A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida» (cf. Ibidem, 54)
No cenáculo de Jerusalém, poucas horas antes da Sua paixão, morte e ressurreição; Jesus encontra-se reunido com os doze discípulos para celebrar a páscoa dos judeus (cf. Jo. 13; Mt.20; Mc.10, Lc. 22), pegou numa toalha e ajoelhando-se lavou os pés aos seus discípulos (cf. Jo.13) como que preparando-os para a primeira Santa Missa e para a primeira Comunhão do Seu Corpo e Sangue. Ele tomou o pão e o vinho, abençou-os e deu aos seus discípulos, como vimos mais acima (cf. Mt. 26, 26-28). Jesus quis que isso se repetisse para sempre para ficar a viver em nós. Todo aquele que receber a Santa Hóstia recebe em si o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade de Nosso Senhor como está no Céu, tornando-se um sacrário vivo e ambulante. Sempre que comungamos ocorre entre nós e o Senhor uma íntima união tornado-nos com Ele um só. São Cirilo de Jerusalém comparava esta união com Jesus Sacramentado como dois pedaços de cêra que se derrete para formarem um só pedaço: «Se se derreterem juntos dois pedaços de cêra de ambos se faz uma só coisa, assim participando nós no Corpo de Jesus Cristo e do seu preciosissimo Sangue, Jesus está em nós, e nós estamos em Jesus; a nossa alma torna-se com Jesus Cristo uma mesma alma, nosso corpo torna-se com Jesus Cristo um mesmo corpo». Como São Paulo nos diz, já não somos nós que vivememos mas é Cristo que vive.
Na instiuição da Santa Missa, Jesus deu-nos prova do seu amor. Para Ele não bastou incarnar no seio puríssimo da Virgem, não bastou a sua paixão, morte e ressurreição; não, Ele quer ficar connosco, viver em nós, ser nosso alimento. Quis dar-se continuamente nos nossos Altares, por nós seus filhos miseráveis para fazer de nós santos mas santos irrepreensíveis.
Por vezes invejamos alguns santos que tiveram a graça de receber a visita do Menino Jesus e de O apertar junto ao peito, como o fez Santo António e São Francisco de Assis e tantos outros. Mas tal como eles, recebemos em nós o Corpo vivo e verdadeiro de Jesus Cristo, como está no Céu, podendo guardá-Lo no nosso coração. Que infelizes são os protestantes que não têm acesso a tão maravilhoso mistério... Eles não sabem que podem ser, tal como nós, templos de Deus(1.Cor.2,16). Quanto a nós, fiéis à única e verdadeira doutrina, não expulsemos Deus dos nossos corações.
A Santa Missa é como uma árvore plantada na Igreja, árvore de vida eterna que dá frutos de vida que sustentam a nossa vida, a enche de esperança, que nos regenera. Poderá alguém deixar de comer? A privação de alimentos conduz-nos à morte, do mesmo modo, todo o cristão que não se alimentar do Pão da Vida acaba por enfrequecer a sua alma, condenando-a à morte. Assim como o corpo não vive sem alimento, também a alma não pode viver sem a Sagrada Comunhão, que nos preserva do pecado e da morte eterna. Por ser um sacramento tão precioso devemos cuidar de o receber bem.
II Parte – Disposições para receber bem a Sagrada Comunhão.
Falarei apartir de agora sobre as disposições canónicas para receber bem a Sagrada Comunhão:
Jejum Eucarístico
Atitude modesta e recolhida
Estar na Graça de Deus
Saber O que se vai receber
Jacob, que passara por Betel, ao fugir de Esaú, regressa a Betel lugar onde vem cumprir o seu voto (Gen.28,10-22), constrói aí um Altar ao Deus Altíssimo para ali oferecer um sacrifício agradável. Reune todos os que o acompanham e diz-lhes: «Fazei desaparecer os deuses estranjeiros que estão no meio de vós; purificai-vos e mudai de vestes» (Gen.35,2). Aquilo que o Patriarca ordenou aos seus companheiros, antes de erguer o Altar para o sacrifício, é o mesmo que é ordenado a todos os que se apresentam para comungar, ou seja, que se purifiquem dos seus pecados, que se preparem espiritualmente para o que se vai receber e fazer.
Jejum Eucarítico.
O Jejum Eucarístico é a abstinência de todo o alimento sólido ou bebida alcoólica até três horas antes da comunhão, ou nenhum alimento líquido ou bebida alcoólica até uma hora antes, excepto a água que não quebra o jejum eucarístico. Esta condição é obrigatória.
Atitude modesta e recolhida.
A atitude modesta e recolhida é, nem mais nem menos, que o modo como vamos vestidos à Santa Missa e nos apresentamos para receber a Jesus Sacramentado, com roupa limpa e decente, sem descuidos e nem vaidade e também o estado de espírito com que nos apresentamos.
No dia 14 de Junho realizou-se na minha terra a primeira comunhão (comunhão solene) e a profissão de fé. Reparei que algumas pessoas iam vestidas indecentemente à Santa Missa, com vestidos muito decotados e quase transparentes e apresentaram-se assim à Sagrada Comunhão como participaram da Procissão do Corpo de Deus desse modo (aliás essa procissão foi muito mal organizada!). Hoje, nas igrejas, permite-se quase tudo e todo o tipo de vestes é próprio para ir à Santa Missa quer por parte das mulheres quer por parte dos homens. Esse tipo de veste ofendem a Deus.
Estar na Graça de Deus e Saber o que se vai fazer.
O que significa estar na graça de Deus? Significa ter uma alma pura e limpa de todo o pecado, principalmente do pecado mortal. Todo aquele que tem um pecado mortal não se acha na graça de Deus, por isso não pode receber a Sagrada Comunhão. E, todo aquele que comunga comete um sacrilégio. Comungar a Deus em pecado é trair a Deus como Judas fez (Jo.13; Mt.26, 20-25; Mc.14,17-21; Lc.22,21-23). Judas eram um discípulo que Jesus escolhera para O seguir e para que desse testemunho da Verdade mas este deixou-se influenciar pelo mal. Ele era ladrão, como nos dizem os santos Evangelistas (Lc.12; Mt.26,6-13; Mc.14,3-9), vendeu o Senhor por 30 dinheiros acabando por se suicidar; também Pedro, o Primeiro Papa, negou o Senhor Jesus (Jo.18, 15-25; Mt.26,59-68; Lc.22,55-57) e ambos, depois de terem sido avisados da traição, comungaram na Última Ceia (Mc.14,22-26, Lc.22,14-20); Jo.6,51-59; 1Cor.11, 23-27). Apesar de ter negado o Senhor, Pedro foi perdoado e Judas não.
Paulo de Tarso, na sua primeira Epístola aos Coríntios, faz uma advertência contra a recepção indigna do Pão e do Vinho que são a presença real do Senhor Jesus sacramentado: «Todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor». (1.Cor.11, 27).
Não deixemos de nos confessar sempre que podermos. Que Deus nos conserve a todos longe da Comunhão Sacrílega! E antes de cada Comunhão, não deixemos de examinar bem a nossa consciência para ver se no achamos em pecado capital (ou mortal) e façamos também, junto do nosso confessor, uma boa confissão. Mais uma vez é São Paulo quem nos diz: «Examine-se cada um a si próprio e só então coma deste pão e beba deste vinho». (ib.,28) Caso contrário «come e bebe a própria condenação». (ib.)
Quem comunga em pecado mortal condena-se e tem a condenação eterna como vimos acima nas palavras do Apóstolo. Na antiga Grécia, quem alguém era sentenciado à morte, era obrigado a engolir a sua condenação escrita num papel. Assim acontece com aquele que comunga idignamente, come também ele a sua própria condenação...
Mais uma vez, a minha terra, é um mau exemplo. O meu pároco dá a Sagrada Comunhão a uma senhora divorciada, que se casou simplesmente pelo civil, e que actualmente vive junta com um homem. Outro problema é que também ele dá a Sagrada Comunhão a algumas pessoas que frequentam as buxas e que também fazem rituais de bruxaria. Tal sacerdote, juntamente como essas pessoas, comete um sacrilégio. Diz Santo Afonso de Logório: Indigne conflicit, indigne sumit, indigne ministrat, ministrat indigno. Um padre, que celebra em estado de pecado mortal, não comete somente um sacrilégio, come quatro, como diz o Santo, e de espécies diferentes: consagra, sendo inimigo de Deus, o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo; recebe, estando morto e manchado, um sacramento de vivos e o mais santo dos sacramentos; administra-o a um indigno, quando o seu cargo de guarda das coisas santas o obriga a recusá-lo. (Theol.mor.1, VI, n.º 25).
«No santuário, no altar, no lugar mais santo do universo, ali onde a caridade de Jesus Cristo se mostra mais terna e generosa para connosco; no momento em que se sacrifica por nós, em que pede seu Pai que nos encha de benefícios; no acto religioso mais próprio por si mesmo para dar a glória a Deus e alcançar a felicidade do mundo! Que contradições neste horrivel atentado! Um padre profanador, um sacrifício sacrílego, a suma bondade junta à sua preversidade, suprema honra de Deus unida no último excesso da sua desonra; finalmente, se nos é permitido dizê-lo, o mesmo demónio consagrando o corpo do Filho de Deus! Ex vobis unus diabolus est. (Contudo, um de vós é o diabo. (Jo.6,73) Oh! Quão fácilmente nos compadeceríamos da aflição de Jesus Cristo, se considerássemos com atenção este espectáculo de horros para o Céu, de assombro para a terra, de alegria para o inferno, a abominação da desolação em pé, no lugar santo. (Mt.24,15) (Meditações Sacerdotais ou O Padre Santificado pela Oração, XXXV)

1 comentário:

Anónimo disse...

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